SAPUCAIA DO SUL/RS

SAPUCAIA DO SUL/RS

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Martin Luther King



Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos.

Martin King

Você curte Educação Infantil?

Então acesse:

Ou clique no desenho abaixo:


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dica de blog

Visitem estes blogs pessoal, acredito que vão gostar muito!

Clique na figura!

Coordenação Pedagógica Sapucaia do Sul




Linguagem e Afins


" border="0">



TUUUUUUUDO DE BOM!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

RESULTADO DA PESQUISA

VOCÊ É A FAVOR DO SISTEMA DE COTAS?

NÃO - 53

SIM - 47

terça-feira, 25 de maio de 2010

Recado de nosso colega Antônio Ozaí para vocês!

Informo que a Revista Urutágua, nº 21, foi publicada.
Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/issue/current

Por favor, se possível colabore com a divulgação: repasse aos amigos,
colegas e contatos.
Estamos abertos à contribuição, críticas e sugestões.

Agradeço a todos que tornaram possível mais esta edição, especialmente
ao nosso Co-Editor, o Vinícius Costa Souza.

Abraços e tudo de bom,

__________________
Revista Urutágua
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/index
Editor: Antonio Ozaí da Silva
Co-Editor: Vinícius Costa Souza

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Participe: 3º Seminário Antirracista da ASSUFRGS valerá como capacitação



No mês do trabalhador e da luta contra a discriminação, a ASSUFRGS promove um seminário que repensa a Universidade na promoção de uma sociedade antirracista. O 3º Seminário Antirracista da ASSUFRGS ocorrerá no dia 27 de maio, a partir das 13h30min, no Auditório da Economia da UFRGS. As inscrições estarão abertas em breve na página da entidade e o evento valerá como carga horária de capacitação para a progressão funcional.

O evento procurará traçar um panorama atual e apontar perspectivas futuras da atuação da Universidade na promoção de uma educação anti-racista. A UFRGS está dentro de um contexto de vitórias dos movimentos anti-racistas, manifesta pela aprovação das cotas para negros, indígenas, carentes e deficientes físicos em boa parte das IES brasileiras, e com os sete anos da aprovação da lei 10.639, que garante o ensino de história e cultura afrobrasileira nas escolas da educação básica. Quais são as ações concretas e e possibilidades futuras de sua participação nesse cenário? Para isso, com a participação de professores, técnico-administrati vos, estudantes e ativistas sociais, serão debatidos o presente e o futuro da atuação da UFRGS na promoção da educação antirracista como um todo.

A atividade conta com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual dos Estudantes (UEE-Livre/RS) , União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Diretório Acadêmico da Biomedicina da UFRGS.


PROGRAMAÇÃO

13h30 às 17h30 - MESA 1: O Papel da UFRGS na Promoção da Lei 10.639

Palestrantes:

Rita de Cássia dos Santos Camisolão – Diretora do Programa Educação Anti-Racista no Cotidiano Escolar e Acadêmico da UFRGS;

Luiz Dario Teixeira Ribeiro - Professor Adjunto de História (Contemporânea e Afro-Asiática da UFRGS);

Jose Antonio dos Santos da Silva – Dirigente estadual da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO)

Luiz Mendes – Coordenador do Sindicato dos Servidores da Justiça e integrante do Movimento João Cândido.


18h30 às 22h30 - MESA 2: O papel da UFRGS na promoção das cotas

Palestrantes:

Representante da Comissão de Ações Afirmativas da UFRGS) (Nome a confirmar)

Eriane Pacheco (Vice-Presidente da União Nacional dos Estudantes)

Leonardo Silveira (Dirigente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas)

Adriana da Silva (Presidente do DA da Biomedicina da UFRGS e estudante cotista)

Fonte: Coordenação de Imprensa da ASSUFRGS (Fone 3228 1054)

ENQUETE.

FALTAM POUCOS DIAS PARA ENCERRAR A ENQUETE. PARTICIPE! DÊ SUA OPINIÃO NO MURAL DE RECADOS OU COMENTÁRIOS.
CONFESSO QUE ESTOU SURPRESA COM O RESULTADO ATUAL MAS, OPINIÃO É OPINIÃO!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Bela Dandara

Dandara era uma menina muito linda, guerreira e altiva. Nasceu no dia em que se festejava Oxum, o Orixá de sua genitora, uma enérgica Iyalorixá, conhecida como Mãe Divina. Ao barracão, anualmente, acorria muita gente para as festas de Oxum. Mãe Divina, descendente de ex-escravos do reino de Daomé, onde se falava a língua iorubá, reunia em sua roça das simples às mais influentes e ilustres pessoas da cidade.

- Essa menina é muito convencida e vaidosa! - comentavam as pessoas amigas da família.

- Dandara – replicava, com ar de orgulho, Mãe Divina - será uma grande mulher na história. Seu nome já indica tudo: guerreira mulher, como foi a mulher do grande guerreiro Zumbi dos Palmares!

- Por que Iyá fala assim? – Interrogavam-lhe as filhas de santo.

- Ah, minhas filhas, as mulheres que nascem no dia de Oxum são elegantes, dengosas e sensuais! Oxum é símbolo de beleza! Ela expressa soberania e encanto! É um Orixá atraente e misterioso! Não se lembram que a Mãe Menininha do Gantois era filha de Oxum? Sou feliz porque minha filha, ainda criança, foi consagrada a Oxum!

- É verdade que pessoas de Oxum são vaidosas? – Perguntou Mãe Pequena Aninha.

- Sim, são muita vaidosas, adoram bons perfumes, jóias caras, colares, roupas bonitas, enfim, tudo que se relaciona com a beleza! Por isso, chamam a atenção dos homens - concluiu Mãe Divina.

- Já escutei que Oxum é também uma revolucionária; seria uma feminista, em termos contemporâneos (risos) – provocou Aqualtune.

- Aonde você ouviu essa história, Aqualtune? - Interrougou Mãe Divina, completando: realmente, Oxum seria, hoje, uma feminista, pois reivindicou assento nas reuniões onde somente os Orixás podiam deliberar. Conta que os Orixás, quando chegaram a terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam participar. Oxum, revoltada por não poder participar, resolveu mostrar seu poder e sua importância.

- Não diga que ela lutou pela liberdade e igualdade de gênero? – Quis saber Luiza Mahin.

- Oh, Oxum foi muito mais além – narrou Mãe Divina. Revoltada, ela tornou estéreis todas as mulheres; depois, secou as fontes e a terra ficou improdutiva. E os Orixás, reconhecendo que Oxum tinha poder sobre a fecundidade, compreenderam que sem ela não poderiam se reunir e nem deliberar, por isso, aceitaram a sua presença nas reuniões. E a terra voltou a produzir, nas fontes não faltava água, as mulheres voltaram a ter filhos. Por isso se diz que as crianças lhe pertencem.

- Ah, agora posso entender por que Oxum é considera muito importante entre nós mulheres! – Completou Andressa.

- Sim, sem dúvida – disse Iyá Divina - Oxum é chamada Iyalodê (Iyáláòde), um título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade. Ela é poderosa, a deusa do ouro, da riqueza e do amor!

E Dandara, à medida que crescia, tornava-se mais bela! Tudo nela chamava à atenção das pessoas: corpo, olhos, nariz, pele, pescoço, pernas. Quando passava, distribuía charme e elegância. Seu sorriso contagiava o ambiente. Mas também era uma menina guerreira e bondosa. Na escola, as crianças não arredavam do seu pé. Ela atraia todos para si. Os garotos já a cobiçavam como mulher. Na roda de candomblé, dançava parecendo uma gazela. Os contornos do seu corpo faziam-na uma mulher adulta. De longe, achegavam jovens e homens para as festas somente para ver a divina mulher dançar para o Orixá. Quando Oxum entrava na roça, todos pasmavam diante dos seus lindos lençóis, com cores amarelo-ouro, conduzindo um leque (Abebé) com estrela, espelho, e um coração do qual nasce um rio. E Dandara, ao lado, usava uma sandália dourada e alta. Ao passar, todos a fitavam! E ela a distribuir charme e elegância! O rosto sereno e angélico a deixava mais atraente. E assim, noite adentro, a festa seguia em pleno embalo com três Ogans tocando os atabaques, enquanto um Ogan cantava aos Orixás. As filhas de santo repetiam os refrões dos cantos e dançavam para os Orixás. Nas pausas, as filhas se sentavam sobre o chão, outras conversavam com os visitantes e simpatizantes do Candomblé, uma festa de alegria e muita energia positiva. A Mãe Divina, orgulhosa e sorridente, fazia questão de apresentar Dandara aos convidados. Ao cumprimentá-la, todos beijavam sua mão. Outros pediam permissão para ser fotografados junto àquele encanto de criatura! Voz delicada, atenciosamente, falava com todos.

Comumente, em torno da Iyá Divina, as filhas se sentavam para escutar as estórias dos Orixás.

- Minhas filhas – disse Mãe Divina – quando Oxum constrói amizade com alguém, nada pode separá-la desse afeto. Ela é fiel companheira.

- Iyá, é magnífico essa relação de amizade! As pessoas poderiam muito bem aprender com Oxum - disse Corina.

- Conte-nos, Mãe – insistiu Beatriz – como foi a amizade dela com Exu!

- Ah, muito bem, sentem-se aqui, pois a nossa cultura é feita de grandes reis e rainhas, e essas histórias nós transmitimos através da oralidade, isto é, por meio das narrações contamos os feitos dos nossos antepassados, nossos Orixás. Com isso, precisamos ativar a memória, para que não esqueçamos nada sobre a história de um povo forte e altivo. Ouçam. Conta-nos que Oxum desejava aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação. Por isso, procurou Exu, que, muito sagaz, falou-lhe que poderia ensinar-lhe os segredos da adivinhação, porém, Oxum teria que ficar sobre o seu domínio durante sete anos. E o que ela deveria fazer? - Ah, nem pensem! Ela deveria lavar, passar, cozinhar e arrumar a casa de Exu. Por isso se diz que ela é uma excelente dona de casa e companheira.

- Mas Oxum aceitou tais serviços domésticos? - Interveio Quariterê.

- Minha filha tenha paciência! Nossa cultura diz que, quando os adultos ou velhos estão transmitindo a sabedoria, que é passada de pais para filhos, todos permanecem numa profunda atenção. Devemos, primeiramente, escutar bem! Voltando à nossa história. Então, Oxum se submeteu à vontade de Exu durante sete anos. Foi-lhe muito obediente. Assim, Ele a ensinava a arte da adivinhação, enquanto ela cumpria fielmente seu acordo, fazendo os afazeres domésticos na casa de Exu. Mas após os sete anos, os dois haviam se envolvidos numa funda amizade que Oxum resolveu ficar em companhia de Exu.

- Mainha, que história apaixonante e romântica! – Disse Dandara com os olhos brilhando de encantamento.

- Mas a narrativa não para por ai – observou Mãe Divina.

- O que aconteceu, então, Iyá? – Interrougou Mãe Pequena Nhá Chica.

- Meus amores – disse ela – aconteceu que certa vez, e vocês sabem que sempre aparecem coisas para atrapalhar nossas vidas, Xangô, ao passar próximo ao palácio de Exu, percebeu aquela linda donzela, parecendo uma gazela, que passeava pelas imediações de uma deslumbrante cachoeira. Vocês já sabem que Oxum é a senhora dos rios, cachoeira, lagos. Então, Xangô parou por um instante, e tocado pelo sentimento de paixão, foi até onde ela estava e manifestou-lhe o seu sentimento de amor, chegando a convidá-la para morar com ele em seu castelo.

- Mas que coisa idílica, Mãe Divina! – Disse, suspirando profundamente, Dandara.

- E será se ela foi morar no lindo castelo de Xangô! – Exclamou Luiz Mahin.

- Mas minhas filhas são curiosas! (Risos). Pasmem! Ela, mulher sábia e encantadora, foi também determinada, porque não se deixou impressionar por bens materiais. Ela disse não ao convite de Xangô, preferindo viver na companhia de Exu.

- E qual foi a reação de Xangô? – Perguntou Isadora.

- Deve ter ficado furioso e constrangido por ter recebido um não! – Completou a Ekedi Bárbara.

- Muito bem, Ekedi Bárbara, Xangô, Senhor do equilíbrio e da justiça, ficou irritado e chateado, e, por isso, resolveu seqüestrar Oxum, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.

- Minha Iemanjá! – Exclamou Dandara – Exu deve ter ficado enlouquecido!

- Foi isso mesmo – disse Mãe Divina. Ele, ao perceber que Oxum não estava em seu palácio, saiu a procurá-la. Longa foi sua jornada, pois, andou por todas as regiões, pelo mundo inteiro, a procura da sua estimada e bela amiga de anos de companheirismo. Mas vocês sabem que quando a gente quer uma coisa, nada pode nos deter, sobretudo, ao se tratar de amor e amizade. Então, Exu, pressentindo que Oxum pudesse estar no castelo de Xangô, foi até lá, e surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre, logo sentiu que aquele canto seria de sua companheira, que chorava por sua prisão e não queria morar na cidade de Xangô.

- Meu Oxalá! – cortou a conversa Mãe PequenaAninha – deve ter se travado uma luta ferrenha!

- Eu acho que não – sugeriu Dandara – Exu deve ter feito algo mágico para trazer de volta sua companheira!

Todas riram pra valer.

- Vocês querem saber o fim desse drama, né? – Continuou Mãe Divina. Então, Exu, hábil e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que logo lhe cedeu uma poção de transformação cujo poder faria com que Oxum desvencilhasse do poder de Xangô. Daí Exu, através de uma magia, fez com que chegasse às mãos de sua companheira a tal poção. Oxum, rápida, tomou a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pode então retornar em companhia de Exu para sua antiga moradia. E ambos foram viver felizes!

- Linda lenda de Oxum! Iyá Divina merece uma salva de palmas! – Falou emocionada a Ekedi Bárbara.

Portanto, não devemos trocar as fiéis e antigas companhias por nada desse mundo, porque uma boa amizade não tem preço.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

PARTICIPEM!


Segue o link de um concurso de cartaz sobre consciência negra.

http://promoview.com.br/canais/concurso-de-cartazes-para-celebrar-consciencia-negra/

Sucesso para todos!

Sapucaia do Sul e a lei 10639/03

Um breve histórico da questão racial no Brasil

Transladados de terras distantes, os negros que vieram a compor a maior parcela da mão-de-obra da nossa história passaram por imensas dificuldades. Resultado de uma concepção racista, a lógica de negociar seres humanos de pele escura como se fossem gado, perpassou séculos e continentes. A grave situação social, pela qual os descendentes de africanos hoje passa, vem daquele histórico, de barbárie em prol de um dito processo civilizatório. Projetos sociais que hoje se multiplicam visam amenizar as graves consequências de uma herança histórica.

No Brasil pré-colonial, os chamados indígenas viviam conforme a concepção de uma comunidade coletiva, com um grau de “primitivismo” que pouco perdurou após a chegada do homem branco europeu. Rompendo drasticamente com a sistemática da partilha, da igualdade, da liberdade e da solidariedade, o colonizador europeu extirpou riquezas e atacou costumes: um processo de “domesticação” levado a efeito segundo os princípios do catolicismo pós-idade média. Havia um objetivo fundamental, que passava pela obtenção maior possível de bens materiais. Num primeiro momento, esses bens eram pedras e metais preciosos. Não obstante, o processo de apropriação estendia-se aos corpos das indígenas, muitas sendo estupradas pelos desbravadores lusitanos.

A chegada dos escravos africanos foi acompanhada de uma profunda transformação, tanto da história do nosso país quanto da vida dos forçados imigrantes. O território começava a se configurar e dar forma àquilo que viríamos a denominar de Brasil. Atravessando diversos ciclos econômicos, o negro escravo, cujo modo de vida tinha aspectos em comum com os nossos indígenas, foi sendo usado à exaustão. Aqueles que sobreviviam à sofrida escravidão eram mantidos à distância da posse dos meios de produção e do contato com o conhecimento formal. Concomitantemente, constituía-se o país e extirpavam-se traços de humanidade dos descendentes dos povos africanos. Deste processo, resultam profundas contradições, até hoje muito presentes na “guetização” crescente em favelas brasileiras.


Processo de escolarização em terras brasileiras


Bem como a discriminação tão presente na lógica comercial-escravocrata européia, a formação de espaços educacionais em nosso país obedeceu à ideia de inferiorização daqueles que destoavam do fenótipo de padrão europeu. A exploração dos espaços invadidos pelos colonizadores ocorria segundo a perspectiva de que os seres inferiores deveriam se civilizar. Ou seja, especificidades culturais eram jogadas na lata de lixo da história, juntamente com muitos corpos mutilados, violentados. Disfarçados de catequistas, membros de religiões dos brancos promoviam um verdadeiro massacre, destruindo inclusive registros escritos.

“São escassos os registros relativos à população akwe-xerente anteriores ao século XIX. Independentemente de um possível contato com os missionários jesuítas, as poucas historiografias existentes evidenciam que o início da formalidade do ensino, no âmbito da sua realidade, se encontra num modelo educacional catequético. Seja na missão dos capuchinhos ou nas desobrigas dos freis dominicanos, vê-se a escola surgir a partir do olhar de quem se percebe como elemento pertencente ao topo da escala evolutiva, de quem enxerga, nas variadas culturas, um percurso único pelo qual todos devem passar. Essa lógica de pensamento, típica das ideologias dominantes, deu um novo rumo para o processo dinâmico próprio ao contexto sócio-político-cultural das suas comunidades. Do contato adveio a sobreposição de um ser ao outro, um cotidiano ao outro, um sonho ao outro.”

FERREIRA, Rogério. “A educação escolar no universo akwe-xerente”. In A metamorfopsia da educação: hiatos de uma aprendizagem real. Organização Alexandre Dias, Rogério de Almeida. São Paulo, Zouk, 2002, p.108.



O fim da escravidão e a situação do negro no país


O processo abolicionista no Brasil não foi acompanhado da conscientização dos proprietários quanto à reparação da situação de desigualdade aqui estabelecida. A discussão por parte daqueles dava-se quanto à indenização para reparar uma perda material. Alegavam os mesmos que, não podendo mais explorar a mão-de-obra que haviam importado da África, agora estariam em prejuízo.

As elites se acertaram: ficou decidido que os proprietários receberiam a tão pedida indenização. Por outro lado, para suprir a necessidade de mão-de-obra, facilitaram o ingresso de imigrantes para o trabalho em nossas terras. Essa foi a solução apresentada. Quanto aos escravos, que agora saíam dessa condição? Foram relegados à marginalidade; alguns continuaram na mesma situação de perda da liberdade, embora disfarçada, e outros começaram o processo que daria início à favelização em nosso país.

Dadas as circunstâncias históricas, é possível ter uma ideia da atual situação do negro em nosso país. Se a discriminação racial é imensa no Brasil atual pensemos bem como era no final do século XIX!

A lei 10.639 foi criada recentemente para começar a criar condições para corrigir uma questão histórica. Isso porque necessitamos ter consciência sobre os problemas para que possamos dar início ao encaminhamento de soluções. Nesse sentido, as escolas necessitam organizar os seus currículos para abordar a condição de exclusão social em nosso país. Exclusão essa, que se estende a tantos outros segmentos da sociedade.

Em termos de Secretaria de Educação, estamos propiciando formação para nossos professores abordarem em sala de aula a questão das diferenças étnicas. Dividido em dois blocos por noite, o Seminário irá tratar relevantes temas para dar início ao processo de instrumentalização dos nossos profissionais quanto à abrangência de um assunto que diz muito da nossa história.



Vanderlei Genro - Mestre em História, Diretor Pedagógico SMED. 29/setembro/2009

Contatos com os palestrantes:

Vanderlei Genro: e-mail - vanderleigenro@yahoo.com.br
Manoel José: manoeljose@smed.prefpoa.com.br
Rita Camisolão - E mail: ritacamisolao@yahoo.com.br
Adiles - e-mail: didilimas@gmail.com - telefone: 51 85455069/91721355
Paulo Sérgio- e mail: paulosergio175@yahoo.com.br

Formação: II Seminário da Cultura Afro-brasileira e Africana








Adicionar imagem



II Seminário da Cultura Afro-brasileira e Africana – 11 e 12 de maio de 2010

Educação e diversidade na rede municipal de Sapucaia do Sul

Abordar as leis 10.639 e 11.645 serve para apontarmos uma defasagem: histórica, social, epistemológica e pedagógica. Em 2003 e 2008 a necessidade de fazer presente em nossos currículos a história, a cultura, a religiosidade, a estética e o trabalho dos nossos ancestrais concretizou-se em duas leis: daí a defasagem. Transformada em atos legais, a inclusão no currículo do passado indígena (termo cunhado pelos colonizadores, que talvez pensassem estar em terras indianas) e dos negros não deve ser menosprezada por nós educadores.

A questão que colocamos é a seguinte: havia a necessidade de transformar em lei a nossa história para que não a “esquecêssemos” em nosso trabalho pedagógico? Não. Mas por que, afinal, foram as leis que nos “obrigaram” a garantir o espaço para os índios e descendentes dos africanos (berço da civilização) em nossos currículos? A resposta é ao mesmo tempo complexa e simples. Simples porque relegamos a um segundo plano os assuntos que não conhecemos, tratando de maneira quase caricatural temas relevantes - daí a necessidade de formação específica e continuada. Complexa, por outro lado, porque as ciências humanas na América Latina sofreram uma profunda influência ideológica e epistemológica do pensamento europeu. A esse processo denominamos eurocentrismo: o exercício epistemológico de perceber a Europa enquanto centro, referência precípua da explicação e entendimento sobre a realidade.

Deriva daquela herança quase toda noção que desenvolvemos sobre o nosso passado. Enfocamos a história pregressa da humanidade a partir dos “olhos” do colonizador, por isso ainda hoje alguns teimam em utilizar, erroneamente, o Descobrimento (em maiúsculo) para definir a invasão do elemento europeu em nosso território. Livros didáticos pelo país afora ainda repetem esse grave erro histórico, invertendo a lógica interpretativa sobre o processo que nos fez brasileiros.

Primeiros habitantes, aqueles que foram batizados de índios (com esse ato padronizava-se forçosamente um conjunto diversificado de grupos humanos que habitava boa parte do território nacional) teriam nos legado muito mais do que hoje sabemos sobre eles. Ao longo da invasão colonialista, boa parte da cultura desses povos perdeu-se irrecuperavelmente. Hoje tratamos sobre as poucas “sobras” de uma cultura que fora riquíssima. Estamos aqui, dessa forma, para que esse pouco que sobrou não se perca totalmente, pois o confisco do nosso passado só serve para nos submeter a um “destino” histórico que nos foi imposto, num ato de barbárie daqueles que se diziam imbuídos de uma missão civilizatória. Os invasores aqui chegaram tão-somente para enriquecer, mesmo que a custa de milhões de vidas. E essas vidas, em larga medida, eram daqueles que poderiam ter dado outra orientação à nação que construímos; quem sabe mais fraterna, solidária e igualitária. Essa possibilidade histórica, no entanto, naufragou. Não deixemos, porém, que o que restou se perca no “esquecimento” dos nossos currículos. Não existe motivo para continuarmos a apresentar apenas a história do vencedor, pois esse enfoque teve um custo social que não devemos perpetuar.

Os primeiros habitantes do nosso território foram explorados em seu conhecimento das nossas terras e como mão-de-obra não paga. Posteriormente, os africanos que aqui adentravam por vias do tráfico internacional também eram reduzidos à escravidão, em um processo de “coisificação” cujas bases explicativas nos remetem a muitos cientistas da época, unânimes em argumentar que esses povos não possuíam alma. A ciência legitimava, assim, um perdão prévio àqueles que brutalizassem os “desalmados”. Quando nos posicionamos sobre a questão das cotas temos que tentar considerar os efeitos profundos que aqueles postulados científicos tiveram no desenvolvimento cultural de gerações dos “não dotados” de alma. Temos condições de nos colocar no lugar de tantas e tantas gerações desconsideradas do ponto de vista da humanização?

Violência: essa foi a marca do tratamento conferido aos nossos ancestrais. Ao longo de séculos (e hoje em dia como são tratados os descendentes dos índios e negros?), a agressão foi a regra. Hierarquizada a partir da cor da pele, da cultura, dos anseios e da religiosidade, a sociedade brasileira firmava-se com as bases profundas da desigualdade, o que até hoje parece ser a norma.

Como educadores, pretendemos explicar que a desigualdade é antinatural, pois é um produto da forma como percebemos e, por consequência, tratamos o outro. Refletir sobre a necessidade de fazermos valer as leis 10.639 e 11.645 faz com que pensemos no ato corriqueiro de humanidade ao tratarmos cada um dos nossos educandos. Ao sabermos um pouco mais sobre o nosso passado aprofundamos o nosso comprometimento com o futuro que construímos em nossa cotidianidade.


Vanderlei Genro – licenciado, bacharel e mestre em História. Diretor pedagógico da SMED, Sapucaia do Sul.



domingo, 16 de maio de 2010

A História da Pinga (Aguardente)


Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou.
O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado. Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o
novo e levaram os dois ao fogo Resultado: o ‘azedo’ do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente.
Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome
‘PINGA’.
Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de
‘ÁGUA-ARDENTE’.
Caindo em seus rostos escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.
História contada no Museu do Homem do Nordeste

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Recadinho de Rodrigo Reis para vcs!

Sou cineasta e acabo de colocar no ar meu filme de curta-metragem "OMULU". Uma homenagem que fiz à Umbanda, aos Orixás, aos arquétipos da Umbanda, com influências de Pierre Verger, e o cinema moderno. Quero convidá-los a assistir o filme que está na internet no site da Vimeo:
http://vimeo.com/11021137

Obrigado

Rodrigo Reis

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Grandes personagens negros

História

José do Patrocínio, o abolicionista, era negro. João Cândido, o mestre-sala dos mares, comandante da Revolta da Chibata, tema de um dos mais belos sambas-enredo do carnaval carioca ("Há muito tempo nas águas da Guanabara, um dragão do mar apareceu, na figura de um velho feiticeiro, que a história não esqueceu. Conhecido como almirante negro..."). O Mulato Cosme, da Revolta da Balaiada, é outro herói pouco conhecido.

Esportes

Grandes personalidades negras marcaram a história do esporte no Brasil. Pelé, que já engraxou sapatos aos 11 anos de idade, aos 17 foi campeão mundial de futebol e hoje é considerado o atleta do século XX. Aqui, especialmente, o Brasil tem uma enorme dívida para com os negros, pois eles são os mais premiados em praticamente todas as modalidades esportivas.

Artes

Nas artes muitos negros se destacaram com obras belíssimas, como Aleijadinho, com suas esculturas em madeira e pedra-sabão; Agnaldo Manoel dos Santos, com suas esculturas de orixás; José da Paixão Silva, com suas gravuras que retratam a vida dura dos subúrbios; e o artista plástico Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Literatura

Na arte de escrever temos grandes escritores como João da Cruz e Souza, o principal poeta do movimento simbolista, e Carolina Maria de Jesus, que se tornou conhecida internacionalmente com o livro Quarto de Despejo. Machado de Assis e Lima Barreto eram mestiços.

Música

O compositor e instrumentista Pixinguinha foi um dos maiores flautistas de todos os tempos e responsável pela popularização de instrumentos musicais afros no Brasil. Outro destaque é Antônio Carlos Gomes, que criou a grande ópera O Guarani, baseada no romance homônimo de José de Alencar. Chiquinha Gonzaga tinha origem mestiça. Tia Ciata, na casa de quem se reuniram os músicos cariocas do começo do século XX, ainda hoje é venerada pela comunidade negra.

Medicina e engenharia

Mas não é só nas artes que os negros se destacaram. Na medicina também, com o médico Juliano Moreira, que se tornou famoso por seu empenho na aprovação de leis de assistência aos doentes mentais. Na engenharia o destaque fica para os irmãos Rebouças. André Pinto Rebouças participou da construção do porto da cidade do Rio de Janeiro e das principais docas dos Estados de Pernambuco, Maranhão, Paraíba e Bahia. Seu irmão, Antônio Pereira Rebouças, construiu a estrada de ferro Paranaguá–Curitiba.

Grandes mulheres

Dandara foi uma das grandes líderes do Quilombo dos Palmares ao lado de Zumbi e foi assassinada em combate contra os portugueses. Na política, Theodosina Rosário Ribeiro foi a primeira deputada negra da Assembléia Legislativa de São Paulo e luta pelos interesses da comunidade negra. Nas artes, a atriz Ruth de Souza fundou o Teatro Experimental do Negro, já fez dezenas de peças, novelas e filmes. Zezé Motta, que fez Chica da Silva no cinema, hoje trabalha pela colocação de atores negros no mercado. A lista é imensa.

RITUAL DE CONSAGRAÇÃO


O ritual de algumas tribos na África prevê que quando uma mulher está grávida, ela se afasta com as outras mulheres para a selva e lá dançam e rezam até comporem a música do pequeno que vai nascer. A canção é sagrada e acompanhará o ser por toda a vida, será o seu nascimento, casamento, trabalho, sonhos... Se algum dia o indivíduo se afastar de suas convicções, será chamado ao centro da aldeia onde todos cantarão a sua canção e o resgatarão para a sua verdadeira identidade.
De acordo com o ritual, as mulheres se reúnem com a grávida para oferecer a música ao feto.
Depois de muita cantoria, os homens se aproximam e compartilham a música. Forma-se um ventre plural com a alegria da mãe e a emoção do pai. Todos entoam a canção , consagrando a divindade de formar um novo ser e lhe apresentar ao mundo fortalecido com a possibilidade de ter sua identidade cerzida em poesia e melodia.

A escolha do nome dos filhos

Parece muito natural que a escolha do nome de um filho seja simplesmente isso: uma escolha do nome mais bonito. Mas em muitos lugares não é bem assim. Dependendo da cultura, há outros fatores decisivos na escolha do nome.

Por Marie Kreft

Expectativas de futuro

A África é um continente enorme, e há grande diversidade entre a cultura das várias regiões. As famílias levam muita coisa em conta na hora de escolher o nome de um filho, e uma delas é a expectativa que os pais têm para o futuro da criança. Existe a crença de que o nome é capaz de influenciar a vida da pessoa, e não só a dela, mas também a dos parentes.

Muitos bebês africanos recebem dois nomes: um é dado assim que nascem, e o segundo um pouco mais tarde.

Criança da chuva

Na Nigéria, os bebês que nascem na comunidade iorubá recebem um nomeoruku, que descreve as circunstâncias do nascimento. Abegunde, por exemplo, um nome de menino, significa "nascido em um feriado". Bejide é um nome de menina e quer dizer "criança nascida num dia de chuva".

Mais tarde, as crianças iorubá recebem um nome oriki, que indica a expectativa para o futuro. Dunsimi significa "não morra antes que eu" e Titilayo, "felicidade eterna".

Fofinho

Os bebês de tribos quenianas que falam suaíli recebem, quando nascem, um primeiro nome chamado jina la utotoni. É um nome escolhido por um parente mais velho, e normalmente está ligado à aparência da criança. Biubwa, por exemplo, quer dizer "fofinho, macio", e Haidar é considerado um bom nome para um menino que parece "forte e vigoroso".

Cerca de 40 dias depois do nascimento, o jina la ukubwani (o nome adulto) é escolhido pelos pais ou pelos avós paternos.

Nascido numa segunda-feira

Os falantes do idioma akan, em Gana, realizam uma cerimônia sete dias após o nascimento do bebê para lhe dar um nome. O pai do recém-nascido escolhe o nome de um parente querido, na esperança de que a criança cresça e faça jus ao nome. Os nomes akan também têm significados especiais, como Kojo (nascido numa segunda-feira) e Minkah (justiça).

FONTE:http://brasil.babycenter.com/pregnancy/nome/pelo-mundo/ Acessado em 13/05/2010

Na sociedade moderna ocidental, quem não produz, quem não domina os avanços da tecnologia... logo é excluído e taxado de ignorante e inútil. E se tiver idade avançada, o seu destino final é o “asilo dos velhos”, ou, para atenuar um pouco o sentido pejorativo da palavra “velho”, chamam-se estes logradouros de “lar dos idosos”. O artigo que apresentamos, de autoria de Pe. Toninho - PIME, por 19 anos missionário na Costa de Marfim - África, nos ajudará a abrir nossos horizontes para a reflexão sobre os idosos.

O IDOSO É O SÁBIO

Diz o poeta Hampaté Bah, do Mali: “Quando morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca”. Esta frase exprime bem o valor que tem o idoso na sociedade tradicional africana, que tem uma cultura iletrada. O idoso, com a sua sabedoria adquirida nos seus muitos anos de vida, torna-se o transmissor dos valores da cultura tradicional herdada dos seus antepassados.

Essa aula de cultura tradicional é ilustrada sempre através de contos, provérbios ou lendas que se referem aos acontecimentos vividos nos tempos antigos. Constata-se facilmente que a tradição dos antepassados está muito presente na vida do povo, haja visto que, para o africano, é o passado que dá sentido ao presente. O futuro ainda não existe.

Todas as reuniões em nível de comunidade aldeã (julgamento popular, acolhida de uma delegação de visitantes, funerais, celebração da festa da colheita, danças de regozijo…) são ocasiões propícias para transmitir aos presentes a cultura tradicional. O palco para essas reuniões da comunidade aldeã é debaixo de uma árvore bem frondosa, geralmente situada no centro da aldeia.


Um idoso africano dá larvas de cupim à galinha e seus pintinhos, observado pelo Pe. Toninho









Um encontro ou reunião que normalmente duraria meia hora (para nós que somos homens e mulheres apegados ao relógio…), para eles não termina em menos de 2 horas.

Isso porque antes de abordarem o assunto em pauta fazem um preâmbulo de como viveram os antepassados e até mesmo como solucionaram problemas semelhantes. Dessa forma, os idosos são os guardiãs e os transmissores da tradição dos antepassados que, para o povo, é uma lei e a sua observância é sinal de unidade e de vida.

O IDOSO É O CHEFE

O sistema político e social das aldeias é baseado na autoridade do chefe que, com os seus acólitos (grupo de anciãos), tem o dever de dirigir a vida do povo. O chefe da aldeia é sempre um ancião, escolhido da linhagem familiar do antigo chefe (modelo monárquico).

Ele conhece bem a tradição dos antepassados e comanda toda a população da aldeia. Todos, do maior ao menor, escutam bem o que ele diz e a sua autoridade nunca é contestada e nem há indícios de acusação de ser um ditador ou ultrapassado, já que, o que ele diz, vem dos antepassados. Entretanto, no perímetro urbano, esta autoridade do ancião foi abafada pelo poder instituído pela sociedade moderna.

O chefe e seus acólitos têm como missão salvaguardar a tradição dos antepassados, julgar os litígios ou desavenças entre os membros da aldeia, acolher as delegações de visitantes e manter uma boa relação diplomática com as autoridades do governo atual. Os franceses, no período da colonização, instituíram na Costa do Marfim um poder tradicional paralelo (os chamados chefes de cantões), com a finalidade de enfraquecer a autoridade do chefe aldeão e assim explorar mais facilmente a população. Mas, com a independência conquistada em 1960, estes chefes de cantões perderam o seu poder.

Existe várias categorias de chefe:

= chefe da terra
= chefe do sacrifício (religião tradicional)
= chefe de família (grande família )

O chefe da tribo é a autoridade suprema, sendo também chamado de Rei.

A Igreja católica não poderia ficar de fora desta organização aldeã, por isso o responsável da comunidade cristã também é chamado de chefe cristão.

O IDOSO E A MORTE

Diz um provérbio africano: “A morte do idoso não estraga a morte”. Morrer idoso na África é como se ter uma boa morte. O prolongamento dos anos vividos é sinal de que o idoso foi protegido pelos seus antepassados e que doravante ele também irá habitar na “aldeia dos antepassados”.

A idéia da “aldeia dos antepassados” é muito comum na mentalidade africana, isso porque o povo acredita que os idosos que tiveram uma boa morte e um funeral digno de sua reputação continuam interferindo no mundo dos vivos para ajudar, proteger e defender os habitantes da aldeia. Morrer de improviso ou suicidar-se não é sinal de uma boa morte.

O importante é preparar a própria morte e a celebração do funeral. Portanto, é comum constatar que muitos idosos preparam com bastante antecedência a sua morte. Certo dia um idoso chamou-me no quarto dele e, com uma alegria enorme estampada no seu rosto, mostrou-me o seu caixão fúnebre e os tecidos chiques que seriam utilizados no dia do seu enterro.

Uma vez, levaram-me para dormir num quarto escuro, ao entrar não percebi nada de estranho, mas, com o raiar do dia, vi que havia do lado oposto da cama um caixão fúnebre. Perguntei ao dono da casa o porquê daquilo e ele tranqüilamente me disse que aquele caixão estava reservado para o seu pai que já era idoso. Outros até encarregam pessoas para que se ocupem de preparar o ritual do seu funeral após a morte.

O “termômetro” para medir o quanto uma pessoa foi estimada durante a sua vida terrena é baseado na quantidade de pessoas presentes e no fervor da celebração do ritual fúnebre. Quando morre um chefe, a sua morte não é anunciada imediatamente, às vezes passam meses para o anúncio oficial, dando assim tempo para se fazerem os devidos preparativos.

Então, em vista disso, quando alguém morreu, usam a expressão: “o chefe está com dor no pé”. Assim todo mundo sabe que ele já faleceu, mas ainda é proibido falar ou chorar a sua morte. No dia do anúncio oficial, todo mundo deve chorar um pouco, para compadecer-se da morte do chefe. Para exprimir a compaixão de todos os habitantes da aldeia com a morte do seu chefe, os idosos dizem em linguagem proverbial: “A árvore que dá frutos doces, dá também frutos azedos”.

Pe. Toninho Nunes – PIME

PARA REFLETIR

1.º Qual a diferença, no contexto da sociedade atual, entre o idoso brasileiro e o idoso africano?

2.º Comente a afirmação do poeta Hampaté Bah: “Quando morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca”.


Nosso grupo e comunidade está refletindo e fazendo algo pelas pessoas idosas?


FONTE:http://www.pime.org.br/missaojovem/mjevangincultidoso.htm Acessado em 13/05/2010

Mv bill- o preto em movimento

O DIA DO ORGULHO NEGRO É TODOS OS DIAS!

O 13 de maio é mesmo uma data a ser comemorada?

A data está um pouco desprestigiada desde a década de 1970, quando os movimentos negros brasileiros resolveram instituir um dia da consciência negra para ressaltar o papel dos próprios negros no processo de sua emancipação. Assim, o dia 20 de novembro, que relembra a execução de Zumbi, seria um contraponto ao 13 de maio.

De acordo com essa perspectiva, o 13 de maio seria uma data que representaria a abolição como um ato de "generosidade" da elite branca e transformaria a princesa na personagem principal da libertação dos escravos. Ao contrário, o 20 de novembro, homenageando Zumbi e o quilombo de Palmares, seria um símbolo da resistência e da combatividade dos negros, que, de fato, não aceitaram passivamente a escravidão.

Aos poucos, o dia nacional da consciência negra ganhou prestígio, até ser incluído no calendário escolar brasileiro, pelo artigo 79-B, da lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que incluiu no currículo escolar a obrigatoriedade da temática "história e cultura afro-brasileira". Tornou-se também, segundo a Agência Brasil, um feriado em 225 municípios brasileiros, inclusive São Paulo, a maior metrópole do país.

Comemorar o 13 de maio
A questão que se pode levantar a partir disso é: há ou não motivos para a comemoração do 13 de maio? A efeméride tem, sim, seu valor histórico. Ela comemora a vitória do movimento abolicionista e do parlamento brasileiro. A campanha abolicionista, um dos maiores movimentos cívicos da história do Brasil, ao lado da campanha pelas Diretas Já, atingiu o êxito no exato momento que a princesa Isabel assinou a célebre lei.

Por outro lado, é importante ter em mente que a história trata de fatos do passado, mas as interpretações desses fatos dependem da época em que elas são feitas. O significado dos fatos, portanto, varia de acordo com as gerações de historiadores que se debruçam sobre eles e, também, segundo a ideologia que está por trás de suas interpretações.

Assim, o que se valoriza numa determinada época, pode simplesmente ser considerado menos importante ou até se pôr de lado numa ocasião posterior. Um outro exemplo da história ajuda a esclarecer a questão: a comemoração de 21 de abril, que relembra o martírio de Tiradentes só passou a existir após a Independência do Brasil. Enquanto éramos colônia portuguesa, Tiradentes não era considerado um herói, muito pelo contrário.

Depois da abolição
Enfim, a lei Áurea serviu para libertar 700 mil escravos que ainda existiam no Brasil em 1888 e proibir a escravidão no país. Independentemente disso, não se pode deixar de reconhecer que a abolição não resolveu diversas questões essenciais acerca da inclusão dos negros libertos na sociedade brasileira. Depois da lei Áurea, o Estado brasileiro não tomou medidas que favorecessem sua integração social, abandonando-os à própria sorte.

Essa dívida social, porém, não pode ser imputada somente à princesa Isabel e à monarquia. A situação social dos negros não melhorou com a República. Sobre isso, o Estado só veio a se pronunciar com mais veemência no ano 2003, com a instituição da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que tem desenvolvido projetos visando a inclusão social do negro.

Apesar disso, as estatísticas do IBGE ainda registram grande desigualdade em relação a negros e brancos. Alguns exemplos referentes à educação são bastante significativos. Os dados mais recentes apontam a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos de idade ou mais: 8,3% de brancos e 21% de negros.

A média de anos de estudo das pessoas com 10 anos de idade ou mais é de quase seis anos para os brancos e cerca de três e meio para negros. Enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o ensino médio, somente o fizeram 13% dos negros.


FONTE:http://www.medio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1364&Itemid=39 ACESSADO EM 13 DE MAIO/2010