SAPUCAIA DO SUL/RS

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quarta-feira, 17 de março de 2010

Que lições podemos tirar da tragédia que abalou o Haiti?

Passados alguns dias do terremoto, paira no ar bem mais que a poeira e as moscas; sentimentos se misturam e nos colocam à prova a todo instante: medo, coragem, esperança, desolação, saudade, ansiedade, alegria. Perguntas povoam o pensamento e muito provavelmente resistirão por um longo tempo, mais tempo do que todo o escombro levará para ser removido.

O terremoto não fez desmoronar apenas edifícios, vidas e sonhos; não só rompeu laços e desfez estruturas de vida que levaram anos para serem edificadas, mas evidenciou a necessidade de repensarmos a nossa própria maneira de viver, principalmente de agir uns com os outros. Nos ofereceu uma preciosa oportunidade para refletir sobre alguns aspectos de nossas vidas e sobre o próprio sentido da palavra humanidade.

Certeza que tenho, é que existe uma razão para tudo que aconteceu, para que cada um de nós estivesse aqui. Sigo acreditando que nada acontece por acaso. E se ainda não temos a permissão de entender o porque de todas as coisas, resta-nos refletir e tentar extrair o máximo de aprendizagem possível; um exercício que não deve ser feito com pressa, apesar da urgência; que não deve ser movido pela necessidade de encontrar verdades, pois elas podem ser tão frágeis quanto muitas estruras se mostraram ser.

É este exercício que farei agora. E se existem lições, e acredito que existam, cabe a cada um encontrar aquela que melhor atenda às suas necessidades e aspirações.

A primeira lição que pude extrair- a primeira que me veio à mente após conseguir me ordenar emocionalmente - é sobre a brevidade da existência. Vivemos como se ela fosse durar para sempre, como se nós e todos aqueles que amamos fossem estar conosco, fisicamente, sem que pudessem nos deixar um dia. Enquanto que a existência é como um tênue fio, que pode romper-se quando menos esperamos; como uma pipa outrora suspensa no ar, e que sem aviso “estanca” quando a linha se rompe de um sopetão. Ficando também o desejo de sair correndo para recuperá-la, para tê-la novamente conosco, ocupando o seu pequeno e precioso espaço em nosso céu particular.

A segunda, é a de que precisamos, urgentemente, retomar a nossa relação com a natureza. Apesar de ser um filme, realmente me inspirou Avatar. Ainda que tantos outros tenham nos chamado a atenção para a mesma necessidade, de nos convidarem a refletir sobre a nossa ação na natureza, oferecendo-nos a oportunidade de mudar o nosso olhar e a nossa relação com a mãe terra, esta produção em especial falou-me muito ao coração. Sempre achei que perdemos tempo demais reproduzindo as nossas agrúras e multiplicando os nossos medos; tempo demais nos alimentando de guerra, violência, terror, quando já os temos em quantidade suficiente pelo mundo. No caso de Avatar, posso dizer que senti uma forte carga de espiritualidade nele, de esperança. Pude ver gerações compartilhando o mesmo sentimento, que se ainda não sei como definir em palavras, sinto que chega muito perto da palavra renovação.

A terceira, é que o tempo do homem parece não diferenciar apenas em fusos, mas variar de acordo com a necessidade. Para quem está sentindo dor, o socorro parece ser mais urgente do que para qualquer outra pessoa, ainda aquele que esteja empenhado em aplacar o sofrimento. Após esta experiência, compreendi perfeitamente [acho que posso correr o risco de dizer isso] a essência das palavras do Betinho: Quem tem fome, tem pressa. Quem tem fome, quem tem dor, quem está em desespero, quem perdeu tudo, quem houve um filho chorar de dor, quem se vê impossibilitado de socorrer alguém que se encontra vivo sobre os escombros implorando socorro. Essa lição fez-me perceber que o tempo do homem depende da esfera, ou nível de envolvimento de cada um.

A quarta lição, é influenciada pela anterior. Pessoas que estão envolvidas, bem de perto muitas das vezes, mas que lamentavelmente, dolorosamente, empenham a inteligência e meios para saciar a sua ganância. E enxergam no sofrimento apenas uma oportunidade para colher seu quinhão. Se muito ou pouco, se arracam dos dedos inertes os anéis que sempre ficam; se forçam com madeiras e ferros a abertura das bocas que outrora rezavam à procura de vil metal; se chegam ao extremo de enxergar na infância a matéria prima para traficar as suas abomináveis necessidades... Ainda assim, cada um deles carrega consigo valores mais pútridos do que o odor que exala dos escombros.

A quinta, é do quanto corremos riscos quando nos preocupamos em “ser”. Tomamos muito tempo nos preparando para isso, e neste caminho nos sentimos por vezes ameaçados, seja naquilo em que temos como nossas certezas, seja naquilo que julgamos serem nossas necessidades. Muitas vezes vestimos uma armadura tão pesada, empunhamos tantas armas, que mal podemos estender a mão para um cumprimento. Nos preocupamos em carregar tantas coisas que tornamos nossos passos mais lentos e a viagem mais longa. Quando a melhor maneira de “ser”, é ser com os outros. Que apenas assim, com os outros, conseguiremos forjar a nossa mais forte armadura e armas. Que apenas na companhia de outros a viagem é mais segura e menos cansativa.

A sexta lição é que, ainda que as necessidades irrompam em nós o desejo de ser útil em todas as áreas, devemos ter bastante claro os nossos limites. Principalmente, quando a situação é bem maior do que nós e a solução parece estar acima das nossas possibilidades. Sem dúvida, um sentimento de incapacidade nos invade, de desolação e muitas vezes de culpa. No entanto, devemos nos esforçar para oferecer o que de melhor há em nós, e reforçar-mos sempre em nosso espírito a certeza de que estamos fazendo o melhor.

A sétima lição, é que talvez pela primeira vez na história inúmeras bandeiras se unem para ajudar um povo. Posso estar errado, pois não falo como especialista. Independente disso, é realmente emocionante assistir tantos seres humanos juntos trabalhando para minimizar o sofrimento de seus irmãos. O que me traz a certeza ainda maior de que não há bandeiras, não há diferenças, nem sequer fronteiras quando a nacionalidade passa a ser uma apenas: a humanidade.

A oitava, trata da força que encontramos na simplicidade de uma criança. É surpreendente como elas estão sempre nos ensinando, e a todo instante nos dando um exemplo de esperança. Esperança que, assim como elas, não pára quieta, se renova sempre. E assim que deve ser. Poder partilhar com elas desse momento é sem sombra de dúvidas uma dádiva. É um trabalho duro, que exige muito de cada um de nós. Mas, não tenho dúvidas de que recebemos bem mais do que oferecemos. Cada olhar, cada abraço, cada sorriso. Elas chegam em bando, penduram-se em nossos braços, mãos, nos agarram pelas roupas. Elas, verdadeiramente, são a nossa segurança e a nossa fortaleza. Com elas somos grandes e sonhamos alto. E por elas, principalmente, seguimos em frente.

FONTE:http://flaviosaudade.wordpress.com/2010/02/02/que-licoes-podemos-tirar-da-tragedia-que-abalou-o-haiti/#respond ACESSADO EM 17/03/2010

Gingando pela Paz no Haiti

Formação de Assistentes


Ainda em estado de alerta, caminhamos no sentido de dar continuidade às nossas atividades. Claro, com tudo que aconteceu fomos obrigados a modificar um pouco toda estrutura, mas sempre com o mesmo objetivo em oferecer as melhores condições para que nossos alunos possam seguir em desenvolvimento.

Uma das atividades, que ansiávamos desde algum tempo, é a formação dos nossos asssitentes; jovens que nos auxiliam durante as aulas, nos quais depositamos nossas esperanças para futuros educadores.

Dentre o conteúdo da formação, que ainda não tem tempo definido, estão as aulas de lingua portuguesa, algo muito solicitados por todos eles. As aulas utilizarão elementos da própria capoeira para familizarizá-los com o nosso idioma. O que já vem acontecendo no dia-a-dia, durante as aulas de capoeira, nas rodas, principalmente. Não apenas os assistentes, mas a maior parte dos alunos já cantam uma música ou outra em português. A última, “Samba lê, lê”, juntou-se ao “O Sertão vai virar mar. O mar vai virar sertão” como a mais favorita das crianças. Ambas arracam sorrisos e põe fogo na roda. Depois de tanto cobrar mais animação, nessa hora é preciso controlá-la. [risos]

A primeira aula aconteceu ontem, entre carros que chegavam com mantimentos, crianças e mulheres com cestos de roupa para lavar. A Aília iniciou-os no fantástico universo da língua de Lobato. Palavras como berimbau, atabaque, pandeiro ganharam forma e contornos nos cadernos. Realmente um momento muito especial; o primeiro de muitos passos.

Dentre eles, iremos realizar reuniões para construir juntos o conteúdo da formação, de forma a atender a real necessidades de todos. E oficinas de diálogo, onde teremos a oportunidade de conhecer melhor a história um do outro. O método que iremos utilizar será o da Entrevista Apreciativa, onde cada um realiza uma entrevista com um par e, posteriormente, comenta em grupo os pontos que chamaram mais a sua atenção nada história. Desta forma, objetivamos fortalecer os laços de amizade, de fraternidade e de comunhão que naturalmente já são trançados* através da capoeira.

Fará parte da formação também, temas como cidadania, participatividade, direitos humanos.

( * ) Normalmente, utilizaria a palavra tecer. Porém, neste caso específico, desejei fazer menção à trança, prática bastante presente na cultura de povos de origem africana. A trança, além de passar um sentimento de unidade, para mim, caracteriza uma marca forte de identidade, e a unidade na diferença; ainda mais quando coloridas.

FONTE:http://flaviosaudade.wordpress.com/2010/02/05/formacao-de-assistentes/#respond ACESSADO EM 17/03/2010

domingo, 14 de março de 2010

UNESCO promove encontro para discutir educação e relações étnico-raciais


UNESCO promove um Encontro para construir uma agenda para acelerar o processo de implantação do Plano Nacional de Implementação da Lei 10.639/2003, de 17 a 18 de março de 2010, na Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura (UNESCO) promove nos dias 17 e 18 de março, na Universidade Federal de São Carlos, no estado de São Paulo, encontro para construir uma agenda de ação política articulada entre movimentos negros e organizações parceiras a fim de acelerar o processo de implantação do Plano Nacional da lei 10.639/2003 (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana). A agenda deverá incidir na construção do novo Plano Nacional de Educação (2011-2020).

O evento “O papel da sociedade civil na implementação do Plano Nacional da lei 10.639/2003 - Rumo a uma agenda de ação política articulada" é resultado de uma parceria da UNESCO no Brasil com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UFSCar), a ONG Ação Educativa, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Programa de educação e profissionalização para igualdade racial e de gênero do CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAFRO), e conta com o apoio do Instituto C&A e Save the Children UK.

O encontro dá continuidade ao debate sobre a lei 10.639/2003, organizado pelo Ministério da Educação e pela UNESCO, em novembro de 2007, em Brasília. O workshop, que contou com a participação de várias organizações da sociedade civil e representantes de diferentes instâncias do governo, teve como principal desdobramento a agenda que resultou na elaboração do Plano Nacional de Implementação da Lei 10.639/2003, entregue ao MEC em dezembro de 2008. O Plano foi lançado pelo Ministério da Educação e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) em maio de 2009.

Para mais informações, por favor, entre em contato com:

FONTE:http://www.unesco.org/pt/brasilia/single-view/news/unesco_promotes_meeting_on_ethnic_racial_relations_education/back/9669/cHash/fc1f791e16/ ACESSADO EM 14/03/2010